domingo, 23 de setembro de 2007

Quando amar dói, o que é que interessa?

Interessa perceber primeiro porque é que dói.
Dói porque nao é correspondido.
É o único caso conhecido em que amar causa maleita. Conhecida a causa da maleita, interessa encontrar a cura. Como em todas as doencas que causam dor, a cura passa pela administracao de analgésicos. A reaccao ao analgésico vai depender da constituicao e propensao de cada um de nós, no momento, aos seus constituintes. Há quem tente tratamentos cuja prescricao implica doses generosas e diárias do elixir favorito de Baco... há quem tente intervencoes morosas e delicadas ao coracao, que se prendem com a subtraccao lenta do coágulo idiota causador da maleita e a substituicao por um idiota coagulante vocacionado para absorver a forca desse impecilho... há quem tente fugindo do mundo, mudando de vida, de emprego, de casa, de amigos (o que o torna idiota, mas o que interessa é que resulte!)... há quem opte por chorar horas a fio, dias seguidos, sentindo pena de si mesmo, sofrendo tudo de uma só vez e chegado ao fundo do poco acorde para a vida, ás vezes semanas depois com algumas rugas a mais, mas disposto a enfrentar o mundo... há quem, nao digo que seja o mais sensato, sem dúvida é o mais corajoso, mas enfrente a dor diariamente, sem analgésico, até se tornar imune...
O que interessa é obter um bom resultado. Ultrapassados os sintomas, o tratamento utilizado causa sempre dependencia, e cria no ser humano uma tendencia para ser reutilizado. Interessa-nos entao a fase do desmame. O desmame acontece naturalmente ao amar de novo... o amar verdadeiramente como nos livros de histórias. Só assim podemos ter certeza de estar curados daquela maleita que dói e que se sente.

1 comentário:

F disse...

E tu estás em que fase ?